era médico à força. e insistia em não usar bata desde pequeno, a fingir que era só-auxiliar. isto porque o que ele queria mesmo era ter tido uma loja de ferragens. daquelas com balcão alto e velho. e passar recibos à mão com muita exactidão.
está claro que perante um dedo mindinho inchado e vermelho, ele avaliava o caso curvado de mãos nos joelhos abertos. ora daqui ora dacolá. com o seu risco ao lado certeiro e imaculado. sentava-se e voltava a inspeccionar, até que de mão na boca aberta, insistia: ai, até está lujidio... pois está lujidio...
e os olhares trocados como podiam.
lá continuava: ora bem, o que há a fazer é dois ananajes de manhã e dois ananajes ao jantar.
e os olhares soluçaram.
levantado para passar o recibo imaginário, desta feita, receita à mão e curvado sobre a mesa e agridoce sobre o sistema que falhava desde manhã: tal e tal, de oito em oito horas, ora portanto, isto dá... trinta do três de dois mil e onze! e está feito!

Seja como for, os ananases estão a fazer-te bem, que arribaste e vês com bons olhos um esforçado marçano de estetoscópio ao pescoço.
ResponderEliminarNem todos sabem escrever receitas por linhas tortas!
Beijinhos e raios de Sol.
Ananájes aos magotes entao.
ResponderEliminarUm beijinho e saudades.