14.2.11

álvaro só


viu-se agarrado à cama por duas semanas. de frente para a gabardine amuada, pendurada pelo colarinho à porta fechada.
ao terceiro dia sem visitas, abria entre os sentidos uma arena de realidade. e imaginava conversas. e tiques. e impressões. e acidentes de discurso. 
na verdade, álvaro só entretinha assim o tempo porque já não lhe restavam as histórias de ninguém. 

e ao sétimo dia, inventou um herói.




 numa tentativa de estender a si, a vida dos outros.  aquela que corre e aquela que é comentada.
e que, enfim, nos forra os dias.



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