viu-se agarrado à cama por duas semanas. de frente para a gabardine amuada, pendurada pelo colarinho à porta fechada.
ao terceiro dia sem visitas, abria entre os sentidos uma arena de realidade. e imaginava conversas. e tiques. e impressões. e acidentes de discurso.
na verdade, álvaro só entretinha assim o tempo porque já não lhe restavam as histórias de ninguém.
e ao sétimo dia, inventou um herói.
numa tentativa de estender a si, a vida dos outros. aquela que corre e aquela que é comentada.
e que, enfim, nos forra os dias.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.