não era de afectos. nem de mandar beijinhos. e dava abraços oblíquos, se os tinha mesmo de dar.
henrique amado terá nascido de papelão. empurrado para uma vida de gente e de cuidados: agora gosta e sente e cuida! e henrique apavorado, fez um plano. de hu-ma-ni-za-ção.
cumpriu metade e substituiu o restante por chá. é que no gesto de oferecer um chá, disseram-lhe, serve-se a vida com calor e afecto. argumento bastante, razoável e mecânico, na medida em que parte do tempo investido seria passado com a chaleira.
e henrique amado passou anos nisto. mas hoje! serviu sumo de frutas descascadas. e a chuva adelgaçou-lhe o papelão.
amanhã, henrique,
amanhã já serás de papel.
Em defesa de henrique amado sempre direi que nos soube mimar com muito mais do que aquilo que sobra de uma simples chaleira. Olhos severos os teus, a reprimir ternuras indisfarçáveis....
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