15.2.11

henrique amado


não era de afectos. nem de mandar beijinhos. e dava abraços oblíquos, se os tinha mesmo de dar.
henrique amado terá nascido de papelão. empurrado para uma vida de gente e de cuidados: agora gosta e sente e cuida! e henrique apavorado, fez um plano. de hu-ma-ni-za-ção. 
cumpriu metade e substituiu o restante por chá. é que no gesto de oferecer um chá, disseram-lhe, serve-se a vida com calor e afecto. argumento bastante, razoável e mecânico, na medida em que parte do tempo investido seria passado com a chaleira.
e henrique amado passou anos nisto. mas hoje! serviu sumo de frutas descascadas. e a chuva adelgaçou-lhe o papelão.
 

amanhã, henrique,
amanhã já serás de papel.


1 comentário:

  1. Em defesa de henrique amado sempre direi que nos soube mimar com muito mais do que aquilo que sobra de uma simples chaleira. Olhos severos os teus, a reprimir ternuras indisfarçáveis....

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