disse-me que nem sempre tem de ter força. que também pode deixar-se cair e aninhar-se no chão. que também tem angústias legítimas e dores tenebrosas que nem sempre acha por bem revelar. confessou-me que inclusive tinha dias em que chorava até que lhe doesse a garganta. escondido e imóvel. e que às vezes tem dúvidas e que tem de haver tempo para elas como o que se impõe a quem espera. porque um dia revêem os nossos limites e retiram-nos a sua autoria. dão-nos uns novos para deles fazermos o que formos capazes, e no tempo que resta. é quando pensa nisso que sente um sopro cruzado no peito e que então decide olhar em frente, com os olhos cravados lá longe onde a realidade adensa o nevoeiro.
tem medo que se esqueçam dele, que não lhe retribuam, em mãos e olhos, os afagos e que deixem de conversar ao pé dele sobre coisas que não lhe dizem respeito mas de que ele se empenha em guardar segredo enquanto lhe crescem as orelhas. e que a corrente enferruje. e as marcas sejam para sempre.
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