lídia com todos

tinha ontem a barriga cheia de gente e de luzinhas e de dedos em figas. de tal forma que lhe custava sentar-se para enrolar ponteiros nos dedos enquanto mascava segundos ao tempo. percorreu a espera com gente na barriga a querer subir-lhe ao coração até que as luzinhas se tornaram intermitentes e os dedos ganharam cãibras. quando a chamaram, fez-se silêncio dentro dela já ia a gente na garganta, as luzinhas a fundirem-se no intestino e os dedos a posicionarem-se para piparotes na barriga.

as notícias não eram as melhores e lídia com todos sabe que nem foram as piores. ainda assim, mantém a barriga cheia de gente que de vez em quando lhe trepa as entranhas para se abraçar ao coração. é quando chora sozinha, sabendo que não lhe falta ninguém.

hoje recomposta, almoçou de natal, 

riu-se com o sol na boca e arrotou pelo menos trinta e dois balões.