3.1.12

edgar bom ano


anda há três dias a fazer o viaduto e dois túneis de bicicleta, enquanto deseja bom ano de boca muito aberta e os pés fora dos pedais. ninguém acredita muito nisto, bem sei, mas ele insiste que só desiste no dia oito.
edgar bom ano não é bem daqui mas também nunca se percebe onde tem fim. e tem uma cisma com o ano novo que embrulha o velho e que é agora que tudo recomeça como nunca se viu. por norma é até de baixa intensidade mas nesta altura, já se vê, perde as estribeiras. só veste cuecas azuis daquele azul novo. coordena os passos para entrar em todos os edifícios, estabelecimentos e transportes públicos com o pé direito. come os restos das festas e continua a engasgar-se com as passas. e deseja bom ano em tudo o que é viaduto, túnel ou nas escadarias internas dos prédios. nem sempre de cima para baixo, para sair mais depressa. por causa do pé-direito-primeiro já tropeçou várias vezes, espalhando pelo chão desejos importantes e por isso, este ano, concentra-se mais à entrada dos locais. 
ontem, quando o vi no viaduto, era o mais feliz das nove da manhã, na bicicleta tremulante e na dianteira do eco de um bom ano em toda a extensão do dia



tirando isto, é cantoneiro em estradas de desejos complementares.


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