lianor aos oito anos, descobriu uma cassete no chão do carro velho de alguém e passou dois anos a ouvi-la. aos fins-de-semana e nas férias, ininterruptamente.
e tinha graça que o senhor cantava tão bem mas sobretudo, dizia coisas estranhas. o menino negro, do bairro negro, que depois havia de ser de oiro reluzente num lago de breu. e os vampiros que comem tudo, tudo, imenso. e o homem que já foi homem mas a quem ainda falta ser mulher. anos naquilo. para trás e para diante, de letras cada vez mais evidentes.
aos oito anos de lianor, zeca afonso era um herói distinto e que cantava. tanto, que também lianor chorou quando no coliseu ao vivo, em repetição por essa altura, viu pela primeira vez, tanta gente junta a cantar e um homem desmedido, malabarista de redondos vocábulos e sobretudo, afinado pelo brado da terra.
para sempre.
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