16.5.11

fátinha


tem quatro filhas e as trompas laqueadas. de tanto tudo se cria, com a sogrinha de um lado e a mãezinha do outro, não lhe restou outra saída. directa e destemida, com ela e com a esfregona, faz limpezas com palavrões.
a doença, ainda assim, trouxe-lhe vantagens. o homem que nunca lhe fez nada, todos os dias lhe levava o chá. e depois sempre veio o cabelo e o fim livre de tudo. e em junho já vai à praia, casada e vaidosa depois de lhe terem tirado tanto.
a doença fê-la encarar tudo de outro modo. é que o homem sempre foi de boca ao lado e mulherengo, mas ela agora não se fica. qual chorar qual quê. isso era dantes. agora ele que não se ponha fino que ela vai à vida dela. ai e os dias? os dias têm todos de valer a pena.



anda fátinha que eu um dia ligo-te
para me contares tudo outra vez.


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