14.9.11

dona generosa


nasceu com um pequeno defeito e coisas de coração mas tudo secreto.
ganhou corpo, casou e partiu. para demasiado longe, sem saber que o coração crescia para além do previsto e do espaço e do tempo.
quando voltou, criou os filhos e encaminhou os netos. cercou-se de vida no interior, com um coração que ainda crescia contra o peito. apurou o feitio, fez-se comadre e agarrou-se a um rádio. para lá dos montes, sim e que tem? de memórias e fraquezas e um coração imenso. descobriu-o por acaso quando já franzina, pesava mais do que a juventude. e assustou-se com essas coisas da anatomia dos homens e do lugar das almas.
hoje vive agarrada a um fio de contradições vitais. deixou de usar avental e de adiar coisas nos bolsos. e o que a mantém presa à vida é o coração. esse músculo oco mas pesado de todos os seus. 



que ele pese e a preserve. com a gravidade de quem a quer muito

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