lúcia pequena era indiferente, tinha medo de objectos, problemas alimentares e de sono. mas nunca chorava. repetia movimentos e não brincava ao faz de conta. dela aos outros, trinta mil quilómetros de espaço e tempo em circunferências. e enquanto falava ecoava sons, invertia pronomes e golpeava o ar com movimentos bruscos.
lúcia grande, de expressão inteligente e ausente, falava quando lhe apetecia, memorizava coisas, muitas coisas em linha recta e não gostava de metáforas. apenas de cavalos. que entre ela e os outros, o modo era estranho e o diálogo, um enigma. é.
assim, sem querer, sem causa e sem intenção. lúcia auta é autista. e não voa mas rebate padrões com força. lá de longe, entre nós.
no dia mundial do autismo.
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